Brasileiros vivem menos por causa das doenças psiquiátricas

Uma matéria da Folha de São Paulo diz que: “os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país”. E mesmo assim o governo parece preocupado apenas em tratar quem já está doente ao invés de investir em prevenção e qualidade de vida para as pessoas.

A matéria é baseada em uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e traz dados preocupantes, como o fato de que este tipo de transtorno foi responsável por 19% dos anos perdidos pela população brasileira e que as doenças psiquiátricas já ultrapassaram as cardíacas quando falamos de causas de mortalidade. A matéria sugere uma diferença de 19% para 13% entre doenças cardíacas e psiquiátricas, respectivamente.

Entre os transtornos psiquiátricos mais responsáveis pelos índices apresentados estão a depressão, a psicose e o abuso de álcool. Não precisamos ser especialistas no assunto para imaginar que esses problemas estão intimamente relacionados com a nossa qualidade de vida.

Como qualidade de vida estamos falando de todos os assuntos que nos afetam no dia a dia como segurança, lazer, condições de trabalho e acesso a tratamentos de saúde, entre tantos outros. Porém, a sociedade brasileira, incluindo o estado, continua abordando os tratamentos de saúde mental como excentricidade para poucos, reforçando o bordão popular de que tratamento mental é coisa para “louco” e aumentando a estigmatização do atendimento psicológico e psiquiátrico.

A solução proposta pelo ministro da saúde é a criação de mais Caps (centros de atenção psicossocial) e o aumento de leitos para internações. Os Caps são definidos pelo Ministério da Saúde como substitutos à internação psiquiátrica e uma de das funções citadas é atender pessoas com transtornos mentais graves e persistentes.

Não seria melhor para todo mundo investir na prevenção dos transtornos psiquiátricos?

No entanto, na rede pública tratamentos de saúde mental quase não existem, ou, só tem direito quem já é “louco”.

Você conhece alguém que faz terapia pelo SUS? E pelo plano de saúde particular?

No Sus só são atendidos aqueles que já têm um diagnóstico de alguma doença, ou seja, se você quiser receber atendimento gratuito tem que primeiro provar que já está doente. Na maioria dos planos de saúde particulares o conveniado só pode ser atendido em terapia se tiver uma prescrição médica e, ainda assim, a maioria dos planos só libera 12 sessões de terapia por ano.

Doença mental mata, de forma lenta e dolorida.

Até preencher todos os requisitos de um diagnóstico de transtorno mental a maioria das pessoas já vem sofrendo e apresentando sintomas há meses, ou até mesmo há anos.

A pesquisa não aborda a consequência do comportamento de uma pessoa com transtorno psiquiátrico sobre as pessoas ao seu redor, como por exemplo, diminuição da produtividade no trabalho e agressividade, violência e problemas de relacionamentos.

Também devemos considerar a contribuição do sofrimento psicológico para aquisição e/ou agravamento de outras doenças. Quem nunca ouviu profissionais da saúde e cientistas relacionando problemas psicológicos com doenças do coração, AVCs, úlceras e até cânceres?

Até quando vamos tapar os olhos para os males causados pelas emoções? Não é possível vivermos sem tristezas, decepções saudades e tantas outras dores da alma, mas podemos amenizá-las e encará-las de forma saudável. A Psiquiatria e Psicologia foram inventadas para fazer isto.